Pela situação do arquipélago da Madeira ,abraça-lhe as Ilhas um mar que além da glória histórica de iniciar os navegadores portugueses em viagens de longo curso , fora da linha da costa abrir-lhes caminhos para tantos descobrimentos no século XV , sem contudo as livrar de todos os Fenômenos de profundidade e superfície , acrescentou-lhes valores e atributos peculiares de rara existência e observação noutros mares . A transparência quase cristalina de suas águas , a cor cerúlea da superfície , espelho fiel da limpidez do firmamento , concorrem com a densidade temperatura e salinidade para dotar demais privilégios naturais as nossas Ilhas . O azul marinho das águas do Porto Santo , anuladas a direção da sua ondulação , são incomparáveis de cor e beleza , variando-lhes ainda mais a tonalidade os bancos de areia dispersos dentro da baía .Em fotos e no cinema realça-se extraordinariamente entre as demais aquela cor incomparável do mar . Não menos maravilhosa era a fauna e flora que povoavam os mares da Madeira desde a zona costeira até a região abissal.Eram e penso que seja campos abundantes de espécies variadas e policromas tanto em vegetais como ictiológicas de deslumbramento para os pescadores submarinos e novidade e riqueza para a ciência.
Encontram-se estas maravilhas sobretudo dentro da periferia do planalto sobre que assenta a Ilha. Esta base submarina deu aos estudos da última Missão Hidrográfica(1936 -1938) « a maior largura na Ponta do Pargo
Cerca de 5 milhas , na Ponta do Tristão e na zona deste a Ponta de São Jorge até a Ponta de São Lourenço cerca de 3 milhas , apresentando menor largura na zona do Porto do Moniz até São Vicente e em quase toda a Costa Sul . As batimétricas de maior profundidade desenvolvem-se paralelamente à orla do planalto insular , tendo um afastamento médio de 2 milhas desde 100 aos 1000 m e de 2 a 5 milhas desde os 1000 aos 2000 m . A batimétrica de 20 m dista sempre menos de 1 milha da linha de costa ; porém ,a Baixa do Porto da Cruz ,descoberta pela referida Missão oceanográfica ,está situada a distância um pouco maior »Contribui para a riqueza da fauna e flora insulares a influência da Corrente marinha do Golfo do México ou Corrente «Stream » na temperatura dos mares do arquipélago.
CORRENTE DO GOLFO
Este arquipélago é abraçado por um ramo da corrente do «Golf Strem»,através do Golfo do México descendo paralelamente às costas da Europa e de África e fazendo -se sentir principalmente entre Madeira e Porto Santo.
Corre no sentido Norte -Sul com uma velocidade de 16 milhas e mais por dia ;incide «perpendicularmente na costa norte da Ilha da Madeira , torneando-a pelos dois cabos extremos , o de nascente ou Ponta do S. Lourenço
e o de ou Ponta do Pargo ,reunindo-se depois ao Sul para seguir o seu curso de água primitivo » dito pelo Engº . Adolfo Loureiro A passagem desta Corrente é atestada por sementes da flora mexicana e da flora das West Indias , arremessadas todos os anos às costas do Porto Santo e da Madeira , entre as quais a castanha -do- mar ou lendária fava -de Colombo Entada gigalobium).Estas sementes pertencem às espécies botânicas denominadas Guilandina,Mucuna e Entada. Devido a esta Corrente , escreveu James Yate Johnson,«a temperatura do mar eleva-se até 69º F. como o verificou Wyville Thomson a 60 milhas a N W da Madeira ,produzindo a abundância de vapor de água que , por vezes humedece a atmosfera insula » Entre a Madeira e o Porto Santo ,no braço do mar vulgarmente conhecido pelo nome de Travessa , é onde se faz sentir mais a Corrente do Golfo ,agitando frequentemente aquela passagem de navegação obrigatória .Este braço de mar tornou-se lendário pelo terror que inspira ao povo madeirense obrigado a atravessá-lo em pequenas embarcações a vapor ou à vela nessa altura em demanda do Porto Santo . Pescadores e barqueiros ,que tinham de navegar naquelas águas ,não o faziam sem consultar previamente o aspeto das Ilhas Desertas ,barómetro da Travessa ,«procurando em cada cor, névoa ou carneirinho (pequena vaga espumante )a indicação do estado do tempo no canal»: quanto mais claras se mostrarem as Desertas mais bonançoso encontrão o mar . Junto à costa também se observava a velocidade da corrente, vendo-se frequentemente correrem as águas por fora dos portos e enseadas com o ímpeto duma ribeira , o que de tempos a tempos ,é causa de sinistros para embarcações de pesca ou de bom bote . Na Ponta do Pargo o embate das águas correntes do «Golf Sream », que abraçam a Madeira é por vezes tão forte que o mar escrespa- se espumante formando uma linha tecta pela ponta fora na direção sul até à distância de alguns quilómetros
CORRENTES DE MARÉS
Sobre o movimento das correntes de marés, foram observados estes curiosos fenómenos pela Missão Hidrográfica das Ilhas Adjacentes :«No arquipélago da Madeira fazem-se sentir regularmente as correntes de marés vivas e cerca de meia-maré ,atingindo as maiores velocidades junto das pontas mais salientes das ilhas ; em marés mortas são nulas ou muito fracas . Durante a enchente a onda de maré vem do quadrante S W , fazendo-se sentir as respetivas correntes ao longo da costa S,durante a vazante , do quadrante N E ,sendo as correntes em geral mais fracas e correndo as águas com maiores velocidades em frente das mesmas pontas .Quando prenunciam ou há temporais e ventos fortes , sofrem grandes alterações na sua velocidade e direção , dizem então os marítimos que as águas andam tontas»
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