Falar da minha Terra Natal Por favor deixe seus comentários

PESCA DO PORTO SANTO

Embarcações 
As antigas embarcações de Pesca da minha Ilha de Porto Santo , foram cavadas em troncos de dragoeiros
,
pois era a árvore que nesse tempo havia em Porto Santo , e podia comportar seis a sete homens de tripulação . Por serem assim pequenas , chamavam-se batéis de pesca
 ou carreto , segundo o mais antigo documento  oficial , datado de 1493 que a elas alude . Tudo foi Abandonado o antigo sistema , devido à necessidade duma maior arqueação , adaptou-se no arquipélago a armação das caravelas , em ponto reduzido , com a quilha saliente na popa e na proa como gôndolas , e castelos deprimidos até à altura da borda .As partes salientes da quilha denominam-se capelos e eram utilizados como apoio de desembarque , de ancoragem.de reboque e  poste de candeio. Por esta assimilação ,assim como se designava a tonelagem das caravelas por tonéis , e passou-se a designar a dos barcos da Madeira pela quantidade de pipas de vinho que podiam comportar . Havia, por isso , barcos  designados pela capacidade de 5,10 e 15 pipas .Os barcos de Porto Santo ,apesar de sua linha de construção não obedecer a nenhum plano técnico e serem construídos por analfabetos eram considerados superiores a todos os do seu género por qualidades de resistência e de navegabilidade .Com mar chão e vento fresco,lançados à bolina ,atingiam a velocidade de dez a doze milhas sem motor .Os barcos de pesca eram propriedade de campanhas ou negociantes que participavam dos rendimentos do pescado.Como ainda hoje acontece,além de serem poucos.
                                                                           

                                                 
Foi desta Árvore que se chama de dragoeiro
que se  fez os primeiros barcos de pesca
da Ilha de Porto Santo.
As antigas embarcações  pescavam nas Ilhas Desertas, em campanhas de 10 a 12 dias , iam sempre aparelhadas com uma vasilha de aduelas  , tina ou dorna , e feita de pipa , para transporte e conservação da isca viva em viagem . E de um Ceirão de Pesca construído de trança de vimes por descascar« com um formato de um cesto grande ligeiramente elítico sem tampa e de fundo chato» Era metido no Mar durante a faina , a servir de reservatório daquela isca . Estes barcos eram propriedade  de companhas ou de negociantes que tinham participação dos rendimentos do pescado . A escassez do peixe , devido ao crescente da população e a outras causa , obrigou o pescadora ir buscar mais longe ; dai a necessidade , de modificar algumas embarcações adaptando-as mais tarde a viagens de maior curso com um auxílio de um motor . Esta modificação naval começou a operar-se na Madeira . Para iniciar estes barcos foram aproveitados motores da automóveis . As embarcações eram pintadas de várias cores vivas nas cintas , mas o principal era verde no costado , sendo a da falca , igual em todas para a mesma localidade . Por acaso se via numa ou noutra embarcação , alguma decoração de sinais de uso marítimo , à antiga portuguesa ,como estrelas e cruzes , mas não emblemas nem figuras mágicas.
Barco de Pesca de Câmara de Lobos.
Os Covos eram armadilhas principais de três qualidades diferentes  , o covo de salmonetes em forma de poliedro um cesto composto por quatro ou mais faces , feito de cana de roca onde colocavam pedaços de loiça branca para luzir e para enganar o peixe , e assim atrair com facilidade.
                                           

Antigamente
Ao conversar  os Pescadores faziam sua teimas , e diziam que o Mar entre Porto Santo Madeira era rico em peixes exclusivos ,que muitos só existia entre as duas ilhas.
       



Garoupa
 Alguns nomes que conheço ,de peixes por ouvir falar os pescadores ,
na rua da doca , que era onde existia as mercearias , ou  vendas  e padarias , nesse tempo se chamava o nome a essa rua , hoje penso ter o mesmo nome . e era ai que  os pescadores se encontravam. Sentados no chão  a conversar. Eu pequena ia ás compras e ouvia , eles dizer os nomes  , dos peixes
peixe-bom,Garoupas,Pargos,Imperador,Peixe-vermelho,Carneiro,Goraz,e outros e diziam basta aqui em frente  da Ilha não é  precisa ir  tão longe  e trazemos,
peixe suficiente . Mas ainda havia mais as Bogas , Chicharros , Cavalas , que era o peixe mais vendido em Porto Santo , por ser mais barato , e muita  gente escalava e secavam , para ter algum peixe durante algum tempo , e não só era por ter dinheiro no momento e
nessa altura e aproveitava e comprava para comer mais tarde cozido e faziam um molho frio , que acompanhava com milho cosido o que nem todos tinham . Além de salgarem algum peixe , coisas que ouvia e que hoje me recordo como se fosse ontem ,tinha eu os meus 8 a 9 anos , pois era eu que ia buscar as compras para a minha mãe , e ali me perdia a ouvir . As suas conversas , e não só vinham sempre tomar um copinho de vinho e novamente a conversa seguia.



Castanheta que eram pequeninas  pelo menos as que eu cheguei a ver,
e havia outras cores amarela , e preta.

O Peixe Ratão onde nos meus tempos de jovem me lembro,
que tínhamos muito medo por dizerem que seu rabo de peixe
era perigoso , coisas que diziam , que até pode ter sua lógica.
.

Bodião hoje um peixe muito falado por ser um peixe muito saboroso,
onde não pode faltar em qualquer Restaurante de Porto Santo . Peixe - bom :como Garoupas , Pargos , Imperador , Peixe-vermelho , Carneiro ,Goraz e outros , durante o dia , em volta da Ilha , principalmente na Baixa da Janela uma légua distante e defronte da Cidade Baleira , A antiga Vila.



O peixe que chamam de Gaiado que come fresco e era outro peixe
que era seco para comer durante o ano.
Em Porto Santo o Atum de presa ou de ancoradouro se pescava ou ainda se deve pescar na Baixa de Leste a duas léguas por fora da ponta do Ilhéu  de Cima ou do Farol de Cima.O Atum -patuto aparecia  todo o ano ,principalmente  de Março a Junho em abundantes cardumes,os populares cachos,e seguiam as embarcações pesqueiras  quando levavam reboques de grandes cestos ovais feitos de vime ,os seirões que eram os condutores da isca viva isto no antigamente hoje não sei se será assim.Este peixe ,que é de se aflorar à superfície, era depois apanhado à vara  de salto ,« pequeno ramo de árvore  flexível e resistente feita de rebentos de folhado (Clethra árvore  pequena que dá muitas vezes 10 metros de altura ) que os Pescadores a armavam com fio de arame ,terminando  por um anzol reforçado ...e assim o Atum mordia com a isca na ponta era só puxar de salto para borda do barco e metido  dentro do barco no meio do de uma vara com anzol.Na altura da Primavera era o maior  das espécies e muitas vezes mediam cerca de três metros ,pesando entre cerca de 150 a 300 quilos  na Fábrica de Porto Santo guardavam numa parede o rabo do atum que tinha entrado com mais peso.O atum é muito apreciado ,apesar do elevado preço que atinge ,pela sua gordura e qualidades  superiores ,das postas cortadas das paredes ventrais ,imediatamente anteriores àcabeça ,onde se chama geralmente de ventrecha;Além de haver o atum-voador o mais estimado de todos por ter menos sangue.e ser mais gordo e saboroso e é colhido sobretudo no inverno .Era um atum que de qualquer variedade entrava  no consumo das Ilhas fresco,salgado,e a ventrecha utilizada em bifes  de um sabor exclusivo Onde a Fábrica fazia conserva de exportação .
Na Sala Grande como lhes chamava os Pescadores era o mais abundante pesqueiro desta espécie , ao norte do Porto Santo ,nessa altura em que se vê o Ilhéu de Baixo ou o Ilhéu da Cal , assim se chama por antigamente ter havido ai uma pedreira de extração de cal  , mas mais tarde falarei disso  . Pois esse ilhéu é raso com a Fonte Areia uma outra parte da Ilha.
O Atum de cacho ou de cardume dá ou dava já não sei muito bem por há muitos anos não estar lá , em toda a volta da Ilha .O Atum costuma aparecer em Maio , e o de presa no inverno , vem ao cimo de água  e pesca-se  com uma linha de 2 a 2,5 braças de comprimento.



És a cavala pequena , onde havia outras maiores com nome que já diziam ser a bicuda,
era estes peixes mais baratos , e muitos habitantes de Porto Santo escalavam e secavam.
Não se abandonaram ,no arquipélago madeirense ,os processos primitivos de apanhar peixe à rede ,à linha à fisga ou arpão ,introduzidos por pescadores algarvios que se estabeleceram com os primeiros colonizadores e formaram centros piscatório nestas Ilhas.Veio depois a cana de roca ou bambu,simplesmente aparelhada duma linha ou arame e anzol de fabrico local,e mais tarde acrescida duma Ponteira flexível  de chifre para tornar sensível a picada do peixe.Adaptaram-se posteriormente mais modernas aparelhagens e processos novos,usados por amadores e industriais de pesca grossa.Para tanto concorreu o entusiasmo e interesse de quanto se sentiam atraídos pelo feitiço do mar ,não se alheando deste campo a ciência para estudo da fauna e dos elementos de vida,habitat e costumes dos animais marinhos,porque a pesca sempre seduziu o homem em todos os mares e costas do Globo ,serviu a economia geral,a indústria ,a vida das populações e desenvolveu as artes suas correlativas dando maior incremento,comodidade ,prática e eficiência aos seus agentes.
PESCA DO CARRETO.
Na Europa e na América deitaram-se ao mar seduzidos pelo manancial alimentar,por imprevistos, lances e emoções , amadores de todas as classes e das mais altas categorias sociais,não excluindo os do sexo feminino,aproveitando para campo de acção não só o oceano como os lagos e os rios povoados.Assim nasceram as pescas científica e desportiva .Esta tem vindo a desenvolver-de em toda a parte,levando os amadores a um movimento associativo de incitamento e progresso por meio de campanhas,competições , troféus e classificações técnicas e regulamentares entre os mais assinalados pescadores.Se estabeleceu também um intercâmbio internacional que movimenta os amadores mais distintos na pesca de cana  com molinete.A Madeira ,como centro de turismo cosmopolita , não resistiu à influência desse desporto em suas águas,primeiramente  por estrangeiros .Em 1933 ,Raleigh Krohn,na altura residente no Funchal e era membro da Bretish Sea  Angler `s Association Rules ,onde promoveu a fundação duma associação piscatória denominada The Madeira Fishing & Tunny Club ,formado por membros da colónia inglesa.Pescavam então à cana simples e natural que , de tempos imemoriais se usava nas costas da Madeira e do Porto Santo,e à fisga de bordo de embarcações costeiras com auxílio dum óculo de folha comum aos dois olhos,mergulhando na água a pesquisar a localização dos peixes .A fisga consistia num tridente de ferro ,montado numa pequena vara ,e cujas pontas eram providas de barbela .Este processo esteve uns tempo no Porto Santo .A cana de carreto foi introduzida em 1950,importada da França ,onde se via actualmente na mão de numerosos e apaixonados amadores das duas Ilhas;generalizou-se este aparelho no Porto Santo em 1956 ,entre outros amadores de pesca costeira.Os primeiros e mais distintos de pesca à linha com cana de molinete ,internacionalmente conhecidos como categorizados concorrentes de competições mundiais,eram o dr . António Alexandrino dos Santos Ribeiro ,da Madeira ,e o nosso grande cineasta Jorge Bruno do Canto , nessa altura a viver na Ilha de Porto Santo.
Jorge Brum do Canto
O DR. António A. S. Ribeiro venceu o campeonato mundial,com a pesca dum Atum Patudo ,nome local, ( Germo obesus L ) o Atelantic Big Eyed Tuna dos Ingleses ,pescado  em 24 de Setembro de 1954 ,a Oeste do Funchal .Pesava 94,5 Kg, tendo custado a sua captura uma luta de quatro horas ,e quarenta e cinco minutos com uma cana de carreto ,dentro das normas regulamentares e internacionais .O título  de Campeão  Mundial  por proeza foi-lhe homologado pela Internacional  Game Fish Associaton the Americana  Museum of  Natural History ,de New York. A pesca de caça submarina tem nestas duas ilhas meio próprio  e dos mais favoráveis e aliciantes do mundo, pela excepcional temperatura atlântica ,visibilidade perfeita a dezenas de metros através das águas ,riqueza de fauna em espécies  e variedades ,assim como uma exuberância de flora surpreendente e maravilhosa .Por isso  esta pesca apaixonou obcecadamente os amadores ilhéus ,portugueses metropolitanos e estrangeiros que de França, Inglaterra e Bélgica e outras partes do mundo ocorrem a praticar este desporto  favorito nas águas incomparáveis e riquíssimas das nossas duas ilhas ,em cujo seio se pode mergulhar quase à mesma temperatura todo o Ano.
Agora tudo é mais moderno.







Sem comentários:

Enviar um comentário